21 março 2010
AMOR TRANSCENDENTAL
Esses dias vi mais de uma pessoa infeliz ou por falta de amor ou por excesso de amor. Sim, tem gente que é infeliz por excesso. Tudo que é demais também cansa, exaure, faz com que a outra pessoa canse. Amor por demais gera ciúmes, controle, desconfiança.
A falta de amor faz com que a pessoa se sinta incompetente, por não conseguir ter na vida a família do comercial de margarina, de carro novo, de viagem.
Vou fazer um parênteses aqui: tem um novo comercial de margarina que mostra uma nova relação, um filho com ciúmes da mãe por conta do namorado novo, sinais dos tempos? Será que os publicitários sacaram que essa família perfeita que venderam por tanto tempo só existia na cabeça deles?
Voltando ao texto, conversando com uma amiga essa semana ela me falou algo que me fez pensar no assunto, me disse que as pessoas não procuram o AMOR, mas sim o casamento, um namorado, não existe sentimento quando a outra pessoa expressa que está querendo ter alguém na vida.
Entendi o que ela quis dizer, só que prá mim é muito difícil alguém assumir com todas as letras que está carente, talvez nem ela saiba como expressar isso, que o que quer mesmo é um AMOR, um sentimento que a mantenha viva, que a faça querer ficar mais bonita, mais viva, porque existe alguém que vai olhá-la, que vai dizer “Oi, estou aqui!”, aprendi que precisamos do OLHAR do outro, por mais individualista que sejamos, por mais independentes, livres, etc, faz parte do nosso DNA talvez, essa necessidade de um alguém nas nossas vidas.
Pelo menos eu sinto muito falta, demorei anos para assumir isso, quero ter esse SER ESPECIAL, não perfeito, não encantando, não modelo de comercial de roupa da moda, mas sim um SER HUMANO, como eu, que tem vontades, desejos, raiva, fome, alegria, inteligência, integridade, momentos ruins, momentos bons, que vive a vida como ela é e não como os filmes de Hollywood vende, porque ninguém mostra depois do THE END.
Procurei o significado da palavra TRANSCENDENTAL que me veio a cabeça quando resolvi escrever esse texto e tem mais de um, o primeiro é a relação de Deus com o mundo e o segundo é mais conceitual, é como vemos o mundo, como constituímos um objeto e como o experimentamos.
Talvez nenhum dos dois significados expressem o que queria dizer, sei que o amor que procuro é o do dia-a-dia, que agüenta o tranco dos congestionamentos, da falta da imaginação, da preguiça de ir na padaria comprar pão fresco, da paciência com o excesso de trabalho, da festa de família, de empresa, que lembra de comprar um flor para enfeitar a casa, que traz um mimo sem motivo algum, que manda torpedo também sem razão, que diz que bonita a roupa nova que comprou, que percebe que a roupa de cama é nova, que simplesmente senta do seu lado no sofá e não se preocupa onde está o controle remoto e sim onde está sua mão para poder pegar.
Esse é o meu transcendental, espero que existe alguém em algum lugar que pense parecido, senão continuarei com a minha programação normal, sem plantões extraordinários do Jornal Nacional.
Assinar:
Postagens (Atom)