26 junho 2009

Um quase conhecido

Nós nunca fomos amigos próximos, chegados, apesar da nossa diferença de idade ser pequena, seis anos apenas.Quando era menina gostava de te imitar dançando e cantando, era a alegria da minha família, não devia ter mais que cinco anos. Não entendia nada do que cantava, era puro “embromotion”, mas a dança, os gestos são universais e você fez parte dessa fase dourada da minha meninice.

Quando entrei na adolescência, você reapareceu, final dos anos 70, inicio dos 80, seu estilo era diferente do meu, eu gostava dos cabeludos, dos caras que tocavam guitarra, que tinham “pose”. De qualquer forma você chamou minha atenção pelos seus passos, sua dança, sua música, seu talento era inegável.

O tempo passou, meus gostos me afastaram dos seus, passei a curtir coisas diferentes, porém sempre mantive a atenção voltada ao que estava fazendo, às suas novidades. Muitas vezes não concordei com suas atitudes, me choquei com os escândalos que estouravam a sua volta, tive a certeza que estava perdido. Será que não havia ninguém próximo para te ajudar, para te dar apoio, ser seu amigo de verdade?

Ontem você conseguiu me chocar de novo, não estava preparada para a sua ida tão repentina, era cedo demais prá você, como isso pode acontecer? Diferente de mim você teve filhos, três crianças, o que acontecerá com elas?

MICHAEL, nunca imaginei que ficaria tão arrasada com a sua morte, nunca mesmo, parece que com você foi parte da minha infância, da minha juventude, ou será que o que realmente me assusta é saber que daqui a alguns anos será a minha vez? Não sei te responder.

Espero que encontre além da vida o que tanto parece que ansiou: o amor, o respeito, a compreensão, a ternura somente por ser você, pela sua essência e não pelo astro, rei do pop, como está sendo chamado, pela fortuna ou pelo seu lado excêntrico.

Fique em paz, finalmente!

Eli

PS.: Havia me esquecido que nos anos 90 voltamos a nos encontrar, você fez uma música que eu amo e ontem em alguns canais falaram que essa música podia até ser "autobiográfica". Para mim não importa, curti a música na época e gosto dela até hoje. Essa é a minha homenagem a você que de alguma forma fez parte do meu mundo.


MAN IN THE MIRROR - Michael Jackson
http://www.youtube.com/watch?v=SGeZYednWtI

16 junho 2009

Jeito normal de ser


Fui fazer terapia para me entender, para ajudar a mim mesma, a exorcizar traumas, etc, os mesmos motivos que levam a grande maioria a pagar um terapeuta desde que Freud descobriu (não sei se essa é a palavra certa) a psicoterapia.

Avancei em muitas coisas, quem me conhece há mais tempo sabe disso muito bem, mas eu sei o quanto foi e tem sido bom. Claro que tem momentos que a minha vontade é de nunca mais voltar, não é fácil ouvir em alto e bom som coisas que você demorou anos para fingir que não existem e que não te incomodam. De qualquer forma tem valido a pena.

Agora o que não aprendi e provavelmente jamais vou é entender como funcionam algumas pessoas, como elas pensam, como elas amam, como elas sofrem e porque reagem de maneiras que me deixam pasmas, para dizer o mínimo.

A frase “de perto ninguém é normal!” não é explicativa por si só, tem mais que isso por trás. Deve haver um mundo, um universo que me escapa.

Sei que erro, que não sou perfeita e que muitas vezes exagero no meu “jeito normal de ser”, na minha forma de agir e interagir, o duro é ser simplesmente cortada, exilada, excluída sem saber o porquê.

Estou tentando no meu “jeito normal de ser” não me deixar afetar por essas coisas, entender e relaxar, ou simplesmente ficar indiferente, mas é complicado mudar de forma tão radical.

Não sei bancar a “fria”, aquela que não está nem aí, porém vou aprender e deixar que os outros trilhem seus próprios caminhos, e que se fizerem questão da minha pessoa estarei lá, senão vou vivendo do meu “jeito normal de ser”, quem sabe o que o futuro reserva?

Enfim, “caminhando e cantando e seguindo a canção...”.

08 junho 2009

INCLASSIFICÁVEL


Sábado, dia 06 de junho, fui no show do Ney Matogrosso “Inclassificáveis” e inclassificável é ele, simplesmente maravilhoso, um show irrepreensível do inicio ao fim, só faltou ele interagir com a platéia, mas mesmo assim valeu demais, quero mais!

Apesar de já ter dvd do show eu não sabia quais as músicas ele ia cantar e acho até bom, porque senão já fica uma coisa sem graça.
Só que eu não estava preparada psicologicamente para a segunda música, em seguida a do Cazuza “O Tempo Não Para”, chamada “Mal Necessário”, foi um choque!
Tanta coisa voltou, sensações, momentos, pessoas, coisas que nem lembrava mais, que estavam arquivadas no fundo da minha memória! Quando ele começou a cantar cantei junto, sabia a letra, não tinha esquecido e meus olhos encheram de água, achei que ia cair no choro no meio do show, maior “mico”, borrar a maquiagem, mas que nada!, foi só a emoção do momento mesmo.

Engraçado como a gente fica centrado no nosso atual mundinho e esquecemos pessoas, situações que quando voltam, como aconteceu sábado no show, vem com tudo! Foi bom relembrar, me fez ver que nada como um dia após o outro para que as coisas se resolvam!

Mal Necessário
Ney Matogrosso
Composição: Mauro Kwitko

Sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher
Sou as mesas e as cadeiras desse cabaré
Sou o seu amor profundo, sou o seu lugar no mundo
Sou a febre que lhe queima mas você não deixa
Sou a sua voz que grita mas você não aceita
O ouvido que lhe escuta quando as vozes se ocultam
Nos bares, nas camas, nos lares, na lama.
Sou o novo, sou o antigo, sou o que não tem tempo
O que sempre esteve vivo, mas nem sempre atento
O que nunca lhe fez falta, o que lhe atormenta e mata
Sou o certo, sou o errado, sou o que divide
O que não tem duas partes, na verdade existe
Oferece a outra face, mas não esquece o que lhe fazem
Nos bares, na lama, nos lares, na cama.

http://www.youtube.com/watch?v=sCaeEz0azTw