03 setembro 2006

Caminhos, mudanças, descobrimentos

“...Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou...”
Ideologia
– Cazuza

Diferente do Cazuza eu resolvi descobrir quem sou, porque sou, para onde vou.
No primeiro dia de análise ganhei a “chave do conhecimento”, foi a brincadeira que fiz com a terapeuta, pois para poder entrar na casa cada paciente tem a sua chave do portão, lá não tem recepcionista.
É uma casa de bairro, numa rua bem sossegada, de fácil acesso pelo metrô, e quando entro lá me sinto segura, é uma casa que você sente que quem trabalha lá tem carinho pelo espaço, é cheio de lembranças de viagens, tem sofás aconchegantes, água e café, você se serve, é o famoso entre e fique a vontade.

Só que toda vez que entro não faço idéia de como irei sair. Em um mês e pouco já saí de várias formas: alegre, feliz, pensativa, triste, arrasada.
Ela me disse que algumas vezes não seria fácil, que iria doer, mas eu não imaginava que fosse tanto.

É tão mais fácil darmos palpites na vida e nos problemas dos outros, vemos com facilidade aquilo que está na “cara” da pessoa e ela não enxerga, porém quando se trata de nós mesmos a coisa muda totalmente de figura.
Amigos me falam muitas coisas a meu respeito, escuto e fica aquela sensação que são suspeitos já que gostam de mim, tem envolvimento, de alguma forma, com a minha vida. A terapeuta não.
Não é minha amiga, não é da minha família, não tem porque aumentar ou diminuir as situações. A função é “caminhar comigo” (estou usando uma expressão dela) e me ajudar a resolver os problemas, sentimentos, neuras, vontades, desejos, coisas enterradas, fantasmas, que mesmo não estando visíveis, me assombram.

Esse é um caminho longo, estou apenas no começo, esse novo blog faz parte desse processo, a vontade de retomar a escrever surgiu nas sessões, nas conversas. Sinto que escrevendo desabafo e me esclareço, me faz bem.

Muitos textos daqui para frente podem ser coerentes, outros não, como a própria definição do blog diz é um espaço para colocar pensamentos, e também sentimentos, em palavras.

Me veio na cabeça agora uma música antiga do Guilherme Arantes “Meu mundo e nada mais”, é mais ou menos isso e também mais que isso.

Hoje a música que tem a ver comigo é a do Lenine “Paciência” e como diz um texto que corre na internet sobre as orações dos signos eu preciso de muita paciência, pelo jeito não entrei nessa fila antes de nascer.

Patience and peace!!!