Caminhos, mudanças, descobrimentos
“...Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou...”
Ideologia – Cazuza
Diferente do Cazuza eu resolvi descobrir quem sou, porque sou, para onde vou.
No primeiro dia de análise ganhei a “chave do conhecimento”, foi a brincadeira que fiz com a terapeuta, pois para poder entrar na casa cada paciente tem a sua chave do portão, lá não tem recepcionista.
É uma casa de bairro, numa rua bem sossegada, de fácil acesso pelo metrô, e quando entro lá me sinto segura, é uma casa que você sente que quem trabalha lá tem carinho pelo espaço, é cheio de lembranças de viagens, tem sofás aconchegantes, água e café, você se serve, é o famoso entre e fique a vontade.
Só que toda vez que entro não faço idéia de como irei sair. Em um mês e pouco já saí de várias formas: alegre, feliz, pensativa, triste, arrasada.
Ela me disse que algumas vezes não seria fácil, que iria doer, mas eu não imaginava que fosse tanto.
É tão mais fácil darmos palpites na vida e nos problemas dos outros, vemos com facilidade aquilo que está na “cara” da pessoa e ela não enxerga, porém quando se trata de nós mesmos a coisa muda totalmente de figura.
Amigos me falam muitas coisas a meu respeito, escuto e fica aquela sensação que são suspeitos já que gostam de mim, tem envolvimento, de alguma forma, com a minha vida. A terapeuta não.
Não é minha amiga, não é da minha família, não tem porque aumentar ou diminuir as situações. A função é “caminhar comigo” (estou usando uma expressão dela) e me ajudar a resolver os problemas, sentimentos, neuras, vontades, desejos, coisas enterradas, fantasmas, que mesmo não estando visíveis, me assombram.
Esse é um caminho longo, estou apenas no começo, esse novo blog faz parte desse processo, a vontade de retomar a escrever surgiu nas sessões, nas conversas. Sinto que escrevendo desabafo e me esclareço, me faz bem.
Muitos textos daqui para frente podem ser coerentes, outros não, como a própria definição do blog diz é um espaço para colocar pensamentos, e também sentimentos, em palavras.
Me veio na cabeça agora uma música antiga do Guilherme Arantes “Meu mundo e nada mais”, é mais ou menos isso e também mais que isso.
Hoje a música que tem a ver comigo é a do Lenine “Paciência” e como diz um texto que corre na internet sobre as orações dos signos eu preciso de muita paciência, pelo jeito não entrei nessa fila antes de nascer.
Patience and peace!!!
03 setembro 2006
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