04 novembro 2008

SURTO (?!)


Numa segunda-feira eu tive um surto ou um renascimento como diz a minha terapeuta (não sou o Woody Allen, mas também faço terapia).
Chorei como acho que nunca chorei na vida, sou de chorar pouco mesmo, já tem gente que chora demais e por mim, já basta o Marquinho que chorou no filme do "Tarzan" (se um dia ele ler isso estou ferrada!). E Marquinho é eufemismo, já que ele tem quase dois metros de altura, um dia ele deve ter sido um Marquinho, mas cresceu e muito, e o apelido ficou.

Para variar já fugi do tema, sou assim mesmo, não consigo ser linear, penso, falo, respiro, mudo de assunto, tudo muito rápido, tem gente que tem dificuldade em me acompanhar, só consigo ficar em "linha reta" quando estou com cliente e ainda assim sou obrigada a me "puxar" de volta ao assunto, senão não vendo nada e vira "papo de comadre", difícil não encontrar alguém que não queira bater papo ou achar um pouco para se pavonear, enfim sou prolixa no texto, no pensamento, na fala.

Enquanto escrevo isso estou ouvindo o Roda Viva que hoje está entrevistando o David Lynch que realmente deve ter muito a dizer, mas o que mata são os jornalistas querendo se aparecer e fazer a pergunta mais inteligente da noite, porque temos essa necessidade de ser mais inteligente que os outros?

Voltando: no meu acesso, joguei roupas que recolhi do varal longe, achei no dia seguinte, ainda bem que não foram meus bibelôs, notei o quanto deixei de ser a estrela principal da minha vida, virei coadjuvante num show que é só meu, como é que pode isso?

Depois escrevo a fábula, se é que posso chamar assim, da princesa principal que se tornou a gata borralheira coadjuvante, consegui fazer o caminho inverso dos contos de fada, acho que deveria ter meu nome no livro mais inútil do mundo, o Guinnes, livro dos recordes.

Leio livros que poderia ter escrito, talvez melhor, vejo peças que poderia ter escrito melhor, vejo coisas que não fiz, não vivi tudo porque assumi um papel secundário. A frase que está no meu msn e no meu orkut é "A star is born". Parece coisa de adolescente, mas as vezes preciso lembrar a mim mesma que tenho que brilhar e ficar a frente na minha vida, não me preocupar se sou mais inteligente em algumas ocasiões ou uma perfeita imbecil em outra. A controladora em mim é dura de controlar. Durma com uma contradição dessa.

(O David Lynch está vendendo uma idéia de meditação, porque será que as pessoas vão ficando mais velhas vão se tornando esotéricas?! Deus me livre desse destino).

Perdi um pouco o dom de escrever e não sei se quero ter "audiência" de novo, dá trabalho texto novo, pensar em agradar e atualmente está difícil agradar a mim mesma, que dirá agradar aos outros?

Essa egoísta que escreve não sou eu, mas um dia ela irá tomar conta e a vai mandar a controladora passear, talvez eu troque de um carrasco por outro, rsrs.

Preciso guardar o suco e o requeijão que deixei fora da geladeira, minha mente não descansa.

Espero que o surto, ou renascimento, não aconteça de novo, é dolorido, faz pensar e dá ruga, isso é ruim perto do aniversário, ou então tudo isso nada mais é que um inferno astral de lascar!

Boa noite, Eli, vai terminar de fazer suas coisas e dormir!!!

ZERAR OU A PERDA TEMPORÁRIA DA MEMÓRIA


Se um dia eu perder a memória gostaria de saber qual o "gatilho" que vai me trazer de volta:

- O arroz da minha mãe?

- As bênçãos da minha avó?

- A voz do Léo ao telefone?

- O "Oi, tia" das minhas sobrinhas?

- O latido histérico do Minduim?

- A risada das minhas irmãs?

- As gozações dos meus irmãos?

- Minha mãe e minhas tias contando "causos" e rindo feito doidas?

- Meu pai distribuindo doces?

- Os esquecimentos da Sandra?

- A risada da Dani?

- O sotaque do Guilherme?

- O "Oi, Eli" do Michel?

- As ligações carinhosas da Marga?

- As tiradas da Rosana?

- Os chiliques e os dramas do Diógenes?

- Os textos do Carlinhos?

- O "Amo amo amo" do Kleber?

- Ao ver o Circo du Soleil lembrarei do Giga?

- O lado zen do Ricardo?

- O carinho das minhas primas e são várias... ?


Não sei se alguma dessas coisas pode me trazer de volta, talvez nenhuma, talvez algumas, talvez todas, mas o ideal seria que eu voltasse por mim mesma, que zerasse tudo que me desagrada e só ficasse com as partes boas, voltasse pelas coisas que só eu reparo, pelas coisas que só eu sei fazer, pelos aniversários que só eu lembro, pelos momentos que só eu vi e vivi, pelas sensações que são impossíveis, impensáveis e impublicáveis de colocar nesse texto, que eu voltasse por mim e para mim!