29 março 2009

A incrível estória de uma promessa


Século 22, 19:00h, uma família se prepara para jantar.
A mãe está colocando a mesa para dar o jantar para as crianças quando escuta uma campainha estranha e irritante.

- Crianças, desliguem seus brinquedos, lavem as mãos e venham jantar.
Os filhos, que já lavaram as mãos, estão vindo para a mesa e falam para a mãe que desligaram todos os brinquedos e que nenhum tem esse barulho esquisito.
Ela responde que tudo bem, depois vai ver o que é. Nisso chega o marido e o barulho recomeça.

Ele pergunta:
- Que som é esse? Nunca ouvi algo parecido!

Ela fica cismada e vai atrás com o marido junto. No corredor percebem que o som vem da sala, mais exatamente de um baú que está fechado desde que se casaram, foi um presente que a mãe dela “empurrou”, disse que era uma herança.
Nesse baú continham algumas coisas que pertenceram a uma tia que ela nem conheceu, tentaram vender alguns pertences, mas ninguém quis comprar porque não sabiam para que serviam.
Na verdade a mãe havia pedido para ela assumir um compromisso que a bisavó dela, e que passava de filha para filha, e ela não tinha mais onde guardar o baú e também tinha medo de não conseguir cumprir caso um dia isso acontecesse.

Ela e o marido se entreolharam e abriram o baú: no fundo havia um aparelhinho estranho que fazia o barulho e tinha uma luz acesa. Com medo a mulher pediu ao marido que pegasse, ele se recusou já que se tratava de um legado da família dela.

Com receio ela pegou o aparelho e o abriu, ao fazer isso ouviu uma voz dizendo: “Alô, alô!”, ela colocou na orelha e respondeu:

- Alô!

Uma voz de homem do outro lado, com muito chiado, disse:

- Oi, é a Eli?

- Quem?! - ela perguntou

- A Eli, quero falar com ela, pode chamá-la? Diga que é o Leonardo que quer falar com ela.

Sem pensar ela disse, mais para o marido que estava ao seu lado boquiaberto:

- Nossa, ela não era doida, no final das contas!

A voz no aparelho falou:

- Doida, quem? Por favor, pode chamar a Eli? Prometi que ia ligar e finalmente achei tempo.

A mulher envergonhada pelo que havia dito esclareceu:

- Desculpe pelo que falei, esse aparelho pertenceu a tia da minha bisavó, que conhecíamos como Tia Tata, e ela antes de falecer pediu a sobrinha que guardasse esse aparelho, que agora descobri ser um modelo antigo de telefone, e que se caso um dia um rapaz chamado Leonardo ligasse era para atender, ela não queria parecer grosseira por não ter atendido, não queria que você pensasse mal dela.
Sempre achamos que isso era algum delírio de uma mente já desgastada, mas pelo jeito era real.

- O quê?! Não demorei tanto tempo assim para ligar!

- Sr. Leonardo, infelizmente ela não esta mais entre nós, eu mesma não a conheci, só minha mãe, mas ela já era bem velhinha, sempre foi um amor de pessoa, todos falam bem dela até hoje. Sempre foi muito atenciosa com os amigos.
Não se preocupe, na próxima semana vou levar rosas para ela, todos na família sabiam que adorava, e aproveito e deixo o aparelho lá, porque agora que ligou já posso deixar com ela, até porque a bateria está acabando, o carregador pifou e mesmo que funcionasse não teríamos onde ligá-lo, essa tecnologia do século 21 está muito defasada.
Muito obrigada pela sua ligação! Poupou-me de passar essa incumbência para a minha filha de 10 anos.

- Tum, tum, tum!

- Xi, caiu a linha....

Ela disse para o marido que estava chorando, emocionado por ter presenciado esse momento tão belo, as crianças não entendiam muito bem, mas sabiam que era um momento mágico:

- A Tia Tata deve estar feliz agora, finalmente seu amigo ligou, isso é que ser uma pessoa de palavra, disse que ia ligar e aí está!
Vamos jantar, depois conto para a minha mãe que nossa promessa finalmente foi cumprida।

3 comentários:

Rosana Ferreira disse...

Pois é amiga Eli, estamos cada vez mais dominados pelo grande montro chamado "falta de tempo"... com isso família, amigos e até amores vão sendo deixados para depois, o que esperamos ser um breve futuro de horas ociosas que nunca chega.

Mas será mesmo que não temos nem 1 minuto pra responder um torpedo? 2 minutos pra responder um e-mail ou um telefonema? No caminho do escritório para o estacionamento, ou enquanto esperamos o café ficar pronto. Até mesmo perder 5 minutinhos antes de ir dormir??

O fato é que se não tentarmos domar esse monstrinho, haverão muitos e muitos telefonemas desses no futuro, que chegarão tarde demais.

Sandra disse...

Pois é, tadinha da Eli, morreu de esperar... por isso que o melhor é não esperar, o melhor é viver!!!
;o)

bjs

Sandra disse...

Aliás, adorei a sutileza da historinha, rsrs. Muito boa e bem humorada! rs
;o)
bjs